Rodrigo Sangion acredita que manter o corpo “trincado” o ano inteiro pode prejudicar a saúde mental do atleta e estressar o organismo. Imagem: Arquivo Pessoal / esportefitness.com

Muitas pessoas que fazem musculação se inspiram em fisiculturistas e traçam como meta conquistar um corpo semelhante ao que esses atletas exibem. Porém, é importante saber que para ter esse shape definido os competidores precisam, além de muita dedicação nos treinos, fazer grandes restrições na dieta e até mesmo na vida social, o que nem sempre é algo simples e saudável para um não atleta, que tem uma rotina normal de trabalho e vida social agitada.

Além disso, é importante saber que nem mesmo os fisiculturistas, que chegam a estar com apenas 3% de gordura corporal quando sobem ao palco, conseguem manter o corpo definido durante o tempo todo, e essa variação é importante para preservar a saúde física e mental.

Segundo o profissional de educação física Rodrigo Sangion, que como fisiculturista foi campeão do World Beauty Fitness & Fashion (WBFF), o corpo exibido em um torneio não é prejudicial para o competidor, desde que ele tenha feito o acompanhamento com um nutricionista e um treinador. No entanto, o shape de competição não algo viável para se manter no dia a dia.

“Ter baixíssima porcentagem de gordura durante o ano todo não é recomendável, pois pode sobrecarregar demais o organismo, privar o corpo de nutrientes devido à dieta restrita e estressar mentalmente o atleta. Após a competição para a qual se trabalhou, respeitando um cronograma de evolução, é preciso voltar gradativamente a um estágio inferior de definição muscular, que passa, principalmente, por incluir na alimentação itens que normalmente não eram cogitados na fase pré-competição”, explica.

No processo de preparação para um torneio, o atleta pode sair de 18% de gordura e chegar a 3% no dia de subir ao palco. No entanto, de acordo com Sangion, uma semana depois o competidor já pode subir o nível para 8%. Tudo feito orientação de profissionais da saúde.

Foco no treino e na dieta o ano todo

Embora o shape de uma atleta em competição não seja mantido o ano inteiro, esses profissionais seguem uma rotina regrada de treino e dieta o ano todo. Não é porque não estão perto de um campeonato que podem comer livremente doces, pães, massas, frituras… Eles seguem uma alimentação saudável sempre, o que muda é que perto de um torneio ela se tornar mais restrita, para que ocorra uma diminuição ainda maior do percentual de gordura corporal.

Outro mito que muita gente nutre sobre o fisiculturismo é em relação à rotina de exercícios de quem vive deste esporte, achando que os treinos são a parte mais difícil e importante para se ter um corpo definido. “Obviamente, o treinamento de um atleta é bastante intenso, mas é algo que a maioria das pessoas com experiência na musculação também consegue realizar e suportar, até porque há uma periodização (fases mais leves e mais “pesadas” conforme o calendário de competição)”, explica Sangion.

Segundo o ex-fisiculturista, a maior dificuldade para conquistar um shape definido, seja por uma atletas, seja por uma pessoa “normal”, está na alimentação, que precisa ser muito regrada e acaba afetando até mesmo a vida social —os atletas muitas vezes deixam de sair para não despertar “vontades” e também porque nem sempre terão opção do que comer dentro do cardápio que seguem.

“Dieta é uma constante, tudo muito regrado ao longo do dia. Você tem hora para comer e, claro, não vai poder colocar na mesa tudo o que deseja. Isso causa um estresse muito grande e nos priva de muitos prazeres. Fica difícil sair com amigos, ser convidado para um jantar, ir a uma festa. Por isso que eu digo: não queira estar com o corpo 100% ‘bacana’ o ano todo.”

E a variação do físico para quem não é atleta?

Ter alguns quilos a mais ou ao menos ao longo do ano também é algo comum para “pessoas normais” que treinam, afinal, em algumas fases relaxamos mais no treino e na dieta, devido a festas, férias, rotina mais puxada no trabalho etc. No entanto, diferentemente dos fisiculturistas, uma grande variação no percentual de gordura corporal ao longo do ano pode não ser boa para a saúde. Isso porque, mesmo com a variação, os atletas geralmente ficam sempre dentro de um percentual de gordura corporal saudável, já algumas pessoas comuns podem ter sobrepeso. Portanto, é sempre importante ficar de olho na composição corporal.

“O percentual de gordura ideal para homens adultos varia entre 10% a 20%; já o das mulheres deve ficar entre 18% a 28%”, afirma Amanda Mineiro, nutricionista especialista no tratamento de transtornos e comportamento alimentar pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Mineiro explica que uma grande variação de peso em uma pessoa não atleta merece atenção, pois pode indicar que a pessoa não está seguindo uma alimentação saudável ou até mesmo pode estar associada a problemas de saúde, como alterações na tireoide.

Mas nem tudo na vida de “pessoas comuns” é diferente da dos atletas de fisiculturismo. A nutricionista explica que a maior complicação para manter um percentual de gordura saudável está na dificuldade de manter uma dieta saudável, já que fatores como rotina estressante no trabalho, ansiedade, falta de sono adequado e vida social interferem na alimentação.

Autor: esportefitness.com


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